Caros amigos! Recebi esta pergunta de um leitor e fui atrás dos professores do IFMG Campus Bambuí, José Hilton Pereira da Silva e Mayler Martins, para responderem se essa história do homem pisar na Lua é fato ou fake. 

Por José Hilton Pereira da Silva (hilton.silva@ifmg.edu.br) e Mayler Martins (mayler.martins@ifmg.edu.br)

A foto, ou as fotos, tiradas na Lua pelos astronautas das missões Apollo são reais.

É comum encontrarmos na internet pessoas questionando a ida da humanidade à Lua. Segundo uma reportagem publicada por Jaime Rubio Hancock, no site El País, em 16 de julho de 2019, as primeiras teorias de conspiração surgiram em 1974, quando Bill Kaysing publicou um panfleto intitulado “Nunca Chegamos à Lua”, que foi resumido pelo astrônomo Philip Plait, no livro BadAstronomy, da seguinte forma: A NASA descobriu uma falha, ou erro, na nave da missão Apollo 11 enviando-a para a Lua sem a tripulação, que foi levada para Nevada, em um platô, para simular toda a missão. A partir de então muitas pessoas questionam a veracidade de todas as informações divulgadas pela agência espacial norte americana sobre esse episódio da história. Em contrapartida, também encontramos, na internet, várias publicações que demonstram a veracidade de cada uma das alegações apontadas por aqueles que duvidam. Inclusive há uma série-documentário do canal Discovery Science intitulada: “A verdade por trás do Homem na Lua”, lançada em 2019, em que eles analisam as teorias de conspiração e fazem testes, usando embasamento científico, para alcançar as respostas.

Então, vamos apresentar aqui algumas explicações que nos levam a acreditar na veracidade das informações apresentadas pela NASA. Decidimos colocar como se fossem dúvidas e tentar responde-las.

Uma dúvida muito comum é: se há estrelas quando olhamos para o céu, por que elas não aparecem nas fotos tiradas na Lua, como na Figura 01?

Figura 01 – Foto do Módulo Lunar na Lua - Apollo 11 - 1969.
Fonte: NASA. AS11-40-5858 – Apollo 11. 1 fotografia 4.048 x 3.968 pixels, câmera Hasselbled, filme magazine 40/S-EVA. 23 set. 2015. Disponível em: https://www.flickr.com/photos/projectapolloarchive/21660102175/in/album-72157658601662068/. Acesso em: 11 fev. 2022.

Você já tentou tirar uma foto com o seu smartphone ou uma câmera do céu estrelado? Se não, faça o teste. Você provavelmente terá uma foto toda escura ou com pequeninos borrões (isso se o seu smartphone tiver um excelente processamento de imagem para ambientes escuros). E por que isso acontece? Porque o ponto de luz está muito distante, é fraco. O sensor não possui sensibilidade suficiente para captar esta luz de forma rápida. Para isto, ele deveria ficar aberto, exposto à luz, tempo o suficiente.

Sabe aquelas fotos bonitas da Via Láctea, como a da foto da Figura 02? Pois é, o tempo de exposição pode chegar a mais de trinta minutos para poder capturar a luz das estrelas, de tão fraca que ela é.

Figura 02 – Foto tirada da Via Láctea.
Fonte: MARTINS, Mayler. Via Láctea. 1 fotografia 3.648 x 5.472 pixels. 14 jul. 2017.

Pensando nessa situação apresentada, para que as estrelas fossem vistas na foto da Figura 01, por exemplo, o tempo de exposição à luz teria que ser grande o suficiente para serem capturadas pelo sensor. Contudo, isso geraria um outro problema: a imagem do terreno da Lua e do Módulo Lunar ficariam superexpostas, isto é, ficariam muito claras, pois a quantidade de luz refletida que chegaria ao sensor seria tão grande que não haveria definição de imagem, como na Figura 03. Observe que na foto da esquerda, é possível ver os detalhes do pórtico do IFMG, mas não é possível ver uma quantidade significativa de estrelas. Já na foto da direita, é possível ver a Via Láctea ao fundo, mas não é possível ver os detalhes do pórtico, por causa da superexposição. Fazer esse balanço de luz é o grande desafio de qualquer um que trabalha com fotografia. Agora, imagina você com tempo limitado, sem a tecnologia atual de correção de exposição de luz e tendo que fotografar um momento tão importante, você focaria nas estrelas ou nos astronautas na Lua?

Figura 03 – Foto com diferença de exposição de luz.
Fonte: MARTINS, Mayler. Baixa e alta exposição de luz. 2 fotografias 853 x 1280 pixels. 2022.

Outra dúvida levantada é: por que as fotos, como a da Figura 04, mostram sombras com várias direções sendo que o Sol, que é a única fonte de luz, está em um ponto, então todas as sombras não deveriam ter a mesma direção?

Figura 04 – Fotos das Missões Apollo 11 e Apollo 15.
Fonte: NASA. AS11-40-5961(Apollo 11).AS15-85-11418 (Apollo 15). AS15-85-11500 (Apollo 15). Adaptadas por Hilton Silva (setas). Disponível em: https://www.flickr.com/photos/projectapolloarchive/. Acesso em: 11 fev. 2022.

A câmera utiliza uma lente convergente que desvia os feixes de luz em direção ao sensor. Por causa da curvatura da lente, quanto mais distante um objeto está dela, mais haverá uma distorção da imagem em relação ao objeto. Então, se duas retas paralelas (mesma distância uma da outra) forem fotografadas com uma lente convergente, quanto mais distante elas estiverem da lente, mais parecerão que estão se aproximando na imagem formada, como na Figura 05, feita pelo Prof. Fernando Lang. Essa impressão, pode nos fazer acreditar que a imagem foi montada, ou editada, pois as sombras aparecem em direções diferentes não seguindo o padrão paralelo das barras, mas se trata apenas de uma distorção provocada pela lente. Nosso olho veria de forma diferente.

Figura 05 – Diferença de perspectiva de imagem gerada a partir de uma lente convergente.
Fonte: SILVEIRA, Fernando Lang da. Sombras paralelas nas fotos das missões Apollo: seriam as fotos falsas? Porto Alegre: UFRGS-IF-CREF, 09 jan. 2018. Disponível em: https://cref.if.ufrgs.br/?contact-pergunta=sombras-nao-paralelas-nas-fotos-das-missoes-apollo-seriam-as-fotos-falsas. Acesso em: 02 fev. 2022.

Ainda com relação à direção das sombras, representadas por setas na Figura 05, é uma situação natural e pode ser reproduzida aqui na Terra, como na Figura 06, em que uma mesma fonte de luz (o Sol) ilumina as árvores provocando sombras em diferentes direções. Então, no caso das fotos na Lua, não se trata de uma montagem formada por vários holofotes, mas sim de uma situação natural em que a fonte de luz pode gerar sombras diferentes dependendo do ponto de vista do observador, na hora da foto. É preciso levar em consideração a distorção da lente, já apresentada acima.

Figura 06 – Projeções de sombras em direções diferentes a partir de uma mesma fonte de luz.
Fonte: SILVA, José Hilton Pereira da. Parque do Pinheirinho – Araraquara-SP. 1 Fotografia 2.304 x 1.536 pixels. 29 jul. 2016.

Assim como essas, existem diversas outras dúvidas como: Quem filmou a descida do Neil Armstrong? Por que as imagens são sempre parecidas, como se estivesse em um mesmo cenário? Por que os astronautas não morreram de radiação após terem passado pelo cinturão de Van Allen? Por que o pouso do módulo lunar não gerou uma nuvem de poeira? Por que não conseguimos visualizar os vestígios deixados pelas missões aqui da Terra ou dos grandes telescópios, como o Hubble? Se o solo lunar é como uma areia, por que ficou aquela pegada tão definida? Como eles suportaram a alta temperatura solar na superfície da Lua? E para cada uma dessas perguntas existe uma resposta lógica e plausível, porém, algumas pessoas ainda preferem acreditar que foi uma armação.

Por fim, gostaríamos de deixar algumas perguntas para reflexão: se tudo não passou de um esquema, por que os soviéticos, que estavam buscando a vitória na corrida espacial, investindo muito dinheiro, não contestaram e aceitaram passivamente a derrota? Será que eles não tinham condições de averiguar a veracidade daqueles dados? Será que eles também foram comprados para fazer parte da farsa?

Eu amei esta resposta deste assunto que até hoje desperta questionamentos. E você? Me escreva contando a sua opinião e me enviando novas perguntas (ifmgcomciencia.bambui@ifmg.edu.br). Até mais pessoal!