A ocorrência de Leishmaniose Visceral em Minas Gerais na última década

Por: Ianna Lins Teodoro Napoleão, Denise Borges Belo, Marcelle A. Silva, Carine Rodrigues Pereira, Thais Nascimento de Andrade Oliveira Cruz (thais.cruz@ifmg.edu.br).
A Leishmaniose Visceral (LV) é uma doença transmitida por um mosquito popularmente chamado de “mosquito palha” (figura 1). O mosquito-palha é um inseto de pequeno tamanho, que se reproduz em ambientes com presença de matéria orgânica em decomposição.
Figura 1. Mosquito palha.
Fonte: https://www.infoescola.com/insetos/mosquito-palha
Os insetos vetores tornam-se infectados quando as fêmeas realizam o repasto sanguíneo em mamíferos infectados com protozoários do genêro Leishmania, que são organismos heteroxénos e completam o seu ciclo com um hospedeiro vertebrado e um invertebrado. Nos hospedeiros vertebrados, assumem uma forma Amastigota. Nesse sentido, o protozoário permanece e multiplica-se, sobretudo, no interior de macrófagos.
A LV é uma condição grave, que afeta tanto animais quanto pessoas, sendo de grande preocupação para a saúde pública no Brasil e no mundo. A transmissão acontece, principalmente, em áreas urbanas, onde os cães atuam como reservatórios da doença.
A doença também possui uma alta taxa de mortalidade humana em regiões de perfil endêmico para a doença. Os principais sinais clínicos que os humanos apresentam são febre, fraqueza, baço e fígado palpáveis. Por isso, é fundamental a observação dos sintomas e a busca por atendimento médico no início
dos primeiros sintomas.
Apesar de ser uma doença que pode causar letalidade, a Leishmaniose Visceral é também muito negligenciada. Pouco se fala na doença e a população ainda carece de políticas públicas que visem disseminar conhecimento sobre ela, por exemplo.
Para termos um panorama geral da doença, apresentamos alguns dados sobre a Leishmaniose Visceral ao redor do mundo. Segundo dados da Organização Mundial de Saúde (OMS) estima-se que ocorram cerca de 1,6 milhão de novos casos anualmente, e apenas 600 mil são reportados. Além disso, distribuição geográfica da doença assume uma característica bastante particular, uma vez que mais de 90% dos casos humanos reportados ocorreram nos países: Brasil, China, Etiópia, Eritreia, Índia, Quênia, Somália, Sudão do Sul, Sudão e Iêmen, ocorrendo, portanto, principalmente em nações emergentes ou em desenvolvimento.
Por ser uma doença tão importante, pesquisou-se o seu comportamento na última década no estado de Minas Gerais, para saber como combatê-la. Entre 2011 e 2021, no estado de Minas Gerais, foram registrados 17.547 casos da doença, com uma média de 1.462 notificações por ano. Durante a pandemia de Covid-19, houve uma redução no número de casos registrados, possivelmente devido ao isolamento e as notificações diminuíram. O grupo mais afetado inclui homens acima de 40 anos, pessoas de cor parda e com ensino superior incompleto. Além disso, pessoas com HIV que contraíram a doença apresentaram menor taxa de cura.
Embora esses sejam os grupos mais afetados, é importante que toda a população esteja atenta a possíveis sinais clínicos e que também esteja empenhada em combater essa doença. Cabe ao governo promover campanhas de conscientização, coletar adequadamente os dados sobre a doença e cabe à população a boa limpeza do quintal, o cuidado com os seus cães, pois são medidas como essas que auxiliam no controle da
doença.
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