Segunda, 16 Dezembro 2024 16:52

Você já ouviu falar do GEAS e sua atuação no criatório de pacas?

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Por: Luisa Christo dos Santos, Adilaine de Souza Anício, Lucas Camilo Germano, Ricardo Cruz Vargas e Clarice Silva Cesário (clarice.silva@ifmg.edu.br).

O Grupo de Estudos em Animais Silvestres do IFMG - Bambuí (GEAS) existe desde 2016, se propondo a ações cada vez mais diversificadas e dinâmicas, dentro e fora do Campus (Figura 1). Ele impacta positivamente na formação de estudantes, no desenvolvimento institucional e sobre a fauna silvestre. As inscrições para membros são semestrais, mas todas as atividades teóricas são abertas ao público.

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Figura 1. Algumas atividades desenvolvidas pelo GEAS: cursos de aprimoramento (Taxidermia - 2024), apresentações de trabalhos em eventos acadêmicos (XV Semana da Ciência e Tecnologia - 2023), visitas técnicas (Zoológico de Belo Horizonte - 2023) e cursos de campo (Parna Canastra - 2024). Fonte: Autoria própria.

Dentre as ações de êxito do GEAS, destacamos a realizada no Criatório Comercial “Arca de Noé” do IFMG Campus Bambuí, com as pacas (Cuniculus paca). Elas são roedores de grande porte (6 a 10 kg) que habitam florestas tropicais e sofrem grande pressão de caça. São ágeis, noturnas, exímias construtoras de tocas e com gestação de três meses, resultando em um filhote. Elas são excelentes nadadoras e usam de seu fôlego para fugir de predadores. A dieta é herbívora e na natureza há consumo de vegetais, sementes e, eventualmente, de carcaças (suprimento proteico). Em cativeiro elas se adaptam bem a rações, sendo desejável a oferta de alimentos frescos. Embora solitárias em vida livre, pacas são criadas em sistema matriarcal, predispondo a brigas entre indivíduos - amenizadas com manejo ético frequente. As cutias (Dasyprocta sp.) e capivaras (Hydrochoerus hydrochaeris) compartilham algumas características com as pacas e também são criadas de forma comercial no Brasil (Figura 2).

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Figura 2. Roedores da fauna silvestre que podem ser criados para fins de exploração comercial no Brasil.

O “Arca de Noé” teve início nos anos 2000 com a criação de pacas, capivaras, emas (Rhea americana) e catetos (Pecari tajacu). A queda na procura por carnes exóticas e questões técnicas impuseram dificuldades e declínio na atividade. Em 2022 e 2023, o Setor de Produção com apoio do GEAS, revitalizaram o criatório para melhorar a saúde e o bem-estar das pacas. Inicialmente elaborou-se equipamentos para manejo, insensibilização e atualização da licença para abate de animais excedentes. A observação do comportamento dos indivíduos, análise das instalações e da composição animal por baias impulsionaram a realização do dia de campo (Figura 3), quando enriquecemos o conhecimento teórico-prático e executamos ações em manejo e melhorias diversas no setor.

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Figura 3. Dia de campo com os membros do GEAS no Criatório Comercial de Animais Silvestres “Arca de Noé” do IFMG Campus Bambuí, no ano de 2023. Fonte: Autoria própria.

As etapas prévias incluíram visita ao criatório, conversa com os setores relacionados (produção, manutenção predial, administração, fábrica de ração, refeitório) e divisão das equipes e seus temas de trabalho. Cada equipe elaborou um projeto de intervenção e um seminário nos temas: (1) ambientação e enriquecimento, (2) manejo sanitário e zootécnico, (3) nutrição e (4) reprodução. Algumas ações foram realizadas pelo setor de manutenção (reforma do telhado, troca de torneiras, pintura externa, poda de árvores e manutenção do esgoto), outras foram colocadas em prática durante o dia de campo: limpeza de recintos e tocas, reforma de tocas, troca de comedouros, inclusão de enriquecimento (munha, folhagem, feno, galho de goiabeira, espiga de milho e caixa de frutas), leitura de microchip, avaliação de condição corporal e saúde, pesagem, sexagem, preenchimento de fichas de controle, tratamento de doentes, realocação de indivíduos, confecção de ração com vermífugo, arraçoamento e fornecimento de alimentos frescos. Tais atividades (Figura 4) foram decididas e acompanhadas pelos servidores responsáveis, os quais receberam um relatório com sugestões de melhorias.

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Figura 4. Etapas de revitalização do Criatório Comercial de Animais Silvestres “Arca de Noé” do IFMG Campus Bambuí, realizada no ano de 2023, compreendendo fases de diagnóstico, planejamento, execução e avaliação. Fonte: Autoria própria.

Após o dia de campo, o grupo realizou oficina de produtos e de redação científica para aperfeiçoar, analisar e registrar os produtos desenvolvidos ou prototipados para as pacas: caixa de transporte, caixa de insensibilização, ração “Cuniculis Nutri 17” e calendário reprodutivo. Tais trabalhos foram apresentados na Semana da Ciência e Tecnologia do IFMG Campus Bambuí em 2023 e 2024.

Experiências acadêmicas práticas, colaborativas e significativas aumentam o repertório pessoal e profissional dos estudantes, e boa parte dessas vivências podem ser acessadas através dos grupos de estudos.

 

Última modificação em Terça, 17 Dezembro 2024 22:33

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