Por Alda Ernestina dos Santos (alda.santos@ifmg.edu.br) e Mohana Zorkot Carvalho.

No ano de 1895 houve um acontecimento que revolucionaria a medicina, a descoberta dos raios-X, que ocorreu de forma acidental pelo físico alemão Wilhelm Röntgen enquanto conduzia experimentos com tubos de raios catódicos. Durante os experimentos, Röntgen observou algo que o intrigou: em um dado momento um pedaço de papel revestido com uma substância fluorescente que se encontrava próximo ao tubo começou a emitir luz, mesmo sem estar diretamente exposto à radiação dos elétrons dentro do tubo. Röntgen, intrigado, identificou esse brilho como sendo resultante de uma forma de radiação desconhecida até então e decidiu dedicar-se à sua investigação.

Ao estudar essa nova radiação Röntgen notou que ela era capaz de penetrar objetos opacos, como os ossos do corpo humano, e gerar uma projeção em uma tela fluorescente, surgiu assim a radiografia, técnica que revolucionou a medicina, pois permitia aos médicos visualizarem o interior do corpo sem recorrer à cirurgia.

A radiografia foi utilizada pela primeira vez em 22 de dezembro de 1895 por Röntgen, que tirou uma radiografia da mão de sua esposa Anna Ludwig. Desde então, técnicas que utilizam os raios-X têm passado por constantes aprimoramentos e proporcionado diagnósticos para uma variedade de doenças. Em virtude de sua grande descoberta Röntgen foi agraciado com o Prêmio Nobel de Física em 1901.

Imagem da radiografia tirada da mão da esposa de Röntgen.
Fonte: https://raiosxis.com/primeira-radiografia

A radiografia é uma técnica que emprega um dispositivo gerador de raios-X. Um aparelho emissor de raios-X é constituído basicamente por um tubo de raios-X e um detector. O tubo contém um filamento, além de um ânodo, uma placa de metal revestida de tungstênio ou ródio. Quando uma corrente elétrica é aplicada ao filamento ocorre o seu aquecimento e uma consequente emissão de elétrons, que são acelerados em direção ao ânodo. O impacto desses elétrons contra o ânodo gera uma radiação de alta energia, os raios-X. Esses raios atravessam o objeto a ser examinado, como o corpo humano, alcançando o detector. O detector, que pode ser um filme radiográfico ou um dispositivo digital converte então a radiação em uma imagem interpretável pelo médico.

Röntgen operando um aparelho de raios-X em seu laboratório.
Fonte: Deutsches Röntgen-Museum

Os raios-X constituem um tipo de radiação caracterizada por um baixo comprimento de onda e altíssima frequência, o que lhes concede a capacidade de atravessar facilmente tecidos moles e serem absorvidos por tecidos mais densos, como os ossos. Isso resulta em níveis distintos de exposição no detector, o que gera uma imagem com diferentes tons de cinza capazes de revelar anomalias como uma fratura óssea, um tumor ou até mesmo uma possível infecção na área examinada.

Você sabia que a cientista Marie Curie teve um papel fundamental no desenvolvimento da radiografia? Ela e seu esposo Pierre Curie construíram um dispositivo emissor de raios-X que foi utilizado pela primeira vez em 1897 para diagnosticar fraturas ósseas. A partir de então, os raios-X se tornaram uma ferramenta essencial para a medicina possibilitando o diagnóstico preciso de doenças e lesões. Marie Curie teve um papel importante também na disseminação da radiografia e durante a Primeira Guerra Mundial foi para campo treinar profissionais de saúde para utilizarem a técnica no atendimento aos soldados franceses.

Ilustração vetorizada de Marie Curie segurando uma chapa de radiografia.
Fonte: https://br.pinterest.com/pin/707557791441275973/

As máquinas de raios-X continuam sendo fundamentais na medicina contemporânea e destacam-se como uma das principais ferramentas de diagnóstico por imagem. A contribuição de Marie Curie para este desenvolvimento tecnológico influenciou não só a medicina, mas gerou também um impacto significativo em diversas outras áreas, como por exemplo nos procedimentos de segurança em aeroportos, onde os raios-X são utilizados na inspeção de bagagens.