Jack Responde: Por que quando estamos com as mãos molhadas, fica mais difícil estourar uma bolha de sabão?
Olá queridos leitores!
Hoje trago uma pergunta muito especial, que nos foi enviada pelo Instagram. A autora desta pergunta é a filhinha de uma de nossas leitoras e ela quer saber por que quando estamos com as mãos molhadas, fica mais difícil estourar uma bolha de sabão? Para responder a essa pergunta, convidei o nosso estimado professor de Química do IFMG - Campus Bambuí Claudimar Junker Duarte, que além de responder, ainda nos passou uma receitinha para fazer bolhinhas de sabão muito mais resistentes!
Por Claudimar Junker Duarte (claudimar.junker@ifmg.edu.br)
A estrutura química do sabão pode ser dividida em duas partes: uma extremidade que interage com a água e uma longa sequência de átomos de carbono e hidrogênio, capaz de interagir com a gordura, óleos e outras substâncias de cadeia semelhante, mas não com a água, ou seja, apresenta aversão a este líquido.
Estrutura química do sabão.
Fonte: Próprio autor.
Para simplificar, podemos representar esta estrutura esquematicamente assim:
Simplificação da estrutura química do sabão.
Fonte: Próprio autor.
Uma bolha de sabão nada mais é do que uma porção de ar contida em uma película formada por três camadas: uma camada (interna) de sabão, uma camada intermediária de água e outra camada (externa) de sabão. Ao misturar a água ao sabão e formar bolhas, somente a extremidade do sabão que interage com a água permanece próxima da camada intermediária (água) enquanto que a outra parte do sabão permanece distante.
Bolha de sabão.
Fonte: Próprio autor.
A água apresenta elevada tensão superficial, o que significa que há intensa atração entre as moléculas desta substância, as chamadas ligações de hidrogênio. É esta característica que permite, por exemplo, alguns insetos literalmente caminharem sobre a água. Desta forma, é muito difícil formar e esticar uma película de água de modo a produzir bolhas de consistência suficiente. A adição do sabão diminui a tensão superficial da água formando uma fina película que pode ser esticada. É por este motivo que dizemos que os sabões são agentes tensoativos.
Devido à ação da gravidade, é natural a água escorrer da parte superior para a parte inferior da bolha, tornando a parte de cima da esfera ainda mais fina, podendo resultar no rompimento da película. O leitor que deseja produzir bolhas de sabão ainda maiores e duráveis pode adicionar à receita glicerina, xarope de milho ou açúcar. Estes ingredientes elevam a viscosidade da água, reduzindo a migração desta substância para a parte inferior da bolha e tornam a película mais espessa, retardando a evaporação da água. É importante também escolher dias menos quentes e mais úmidos para fazer as bolhas e utilizar água gelada. Além disso, se você molhar a mão poderá tocar em uma bolha de sabão sem estourá-la. Ao tocarmos com as mãos secas, retiramos água da bolha, o que não ocorre quando a tocamos com as mãos molhadas. Outra experiência interessante é colocar luvas sintéticas e fazer a bolha saltar sobre as mãos sem estourar. Isso é possível porque a superfície deste tipo de luva contém moléculas (como o poliéster) de baixa interação com a água e, por isso, não formam interações intermoleculares capazes de aplicar uma tensão para estourar a bolha. De forma simplificada, a bolha de sabão não "molha" a luva e por causa disso não se rompe.
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