Por Gabriel de Castro Jacques (gabriel.jacques@ifmg.edu.br)

Animais e plantas são dois dos principais grupos de organismos que compõem a diversidade da vida na Terra. Um dos fatores que diferenciam estes grupos de seres vivos é como estes obtêm seu alimento. Animais são heterótrofos, o que significa que eles precisam obter sua energia a partir de outras fontes, geralmente consumindo outros organismos ou matéria orgânica. Já as plantas são autótrofas, o que significa que elas produzem sua própria comida através da fotossíntese, usando a energia do sol para converter dióxido de carbono e água em glicose e oxigênio.

Mas seria possível um animal fazer fotossíntese? A resposta é sim! Existe um grupo de moluscos marinhos chamados de lesmas-do-mar. Algumas destas lesmas possuem uma característica única: a capacidade de incorporar os cloroplastos (organelas que fazem a fotossíntese) de algas que consomem em sua própria estrutura celular. Essa simbiose é conhecida como "cleptoplastia" e permite que essas lesmas obtenham energia da fotossíntese, mesmo sendo animais.

As lesmas se alimentam de algas verdes ou algas pardas, que contêm cloroplastos. Em vez de digerir esses cloroplastos, as lesmas os retêm e os incorporam em suas próprias células da pele. Assim, essas lesmas podem realizar fotossíntese usando os cloroplastos das algas que ingeriram. Como consequência, essas lesmas são geralmente verdes, devido à presença dos cloroplastos nas células da epiderme.

Embora estas lesmas sejam capazes de realizar a fotossíntese, elas não são consideradas seres autotróficos, pois ainda dependem da ingestão regular de algas para obter novos cloroplastos. Isto acontece devido aos cloroplastos incorporados em suas células, se tornam menos eficazes ao longo tempo.

As lesmas-do-mar representam um exemplo notável de adaptação e simbiose na natureza. Sua capacidade de realizar fotossíntese, apesar de serem animais, é uma demonstração de quão diversificada e surpreendente é a vida na Terra!