Por Gabriel de Castro Jacques (gabriel.jacques@ifmg.edu.br) e Sheliane Cristina Coelho Francisco

As vespas sociais são conhecidas popularmente como marimbondos ou cabas, e apesar de causarem grande pavor na maior parte da população, são importantíssimas na natureza, por atuarem como predadoras de outros insetos e polinizadoras de uma grande variedade de plantas (Ver "As vespas e o controle biológico").

Diversos fatores podem causar a morte destes insetos, como por exemplo, a predação por formigas. No entanto, a maior causa de mortalidade de larvas e pupas de vespas sociais (primeiros estágios de desenvolvimento destes insetos – ver “Jack Responde: Quanto tempo vive uma borboleta?”) é a presença de parasitoides nos ninhos.

Parasitoides são insetos em que as fêmeas colocam seus ovos dentro ou sobre um outro indivíduo, chamado de hospedeiro. Destes ovos, emergem larvas que se alimentam do corpo hospedeiro, matando-o aos poucos, até se desenvolverem em um adulto (Figura 2). Sinistro né!? O filme “Alien” foi baseado nos parasitoides!

Figura 2: Ciclo de vida de um parasitoide.
Fonte: Imagem retirada de questão do ENEM 2014.

A maioria dos parasitoides são benéficos ao ser humano, pois se desenvolvem dentro de insetos considerados pragas agrícolas, sendo muito utilizados em programas de controle biológico, porém, alguns parasitoides atacam ninhos de vespas sociais e passam a se desenvolver nas larvas e pupas destes insetos. Isto causa uma grande mortalidade dentro do ninho, o que pode causar um prejuízo no controle biológico exercido pelas vespas sociais.

Querendo conhecer um pouco mais sobre estes parasitoides de vespas sociais, o professor Gabriel C. Jacques, junto com a estudante de Licenciatura em Ciências Biológicas, Sheliane C. Coelho Francisco, realizaram um estudo para verificar a ocorrência de parasitoides nos ninhos da vespa Polistes versicolor (Figura 1) no IFMG – campus Bambuí. Esta vespa é a dominante no campus, confira mais sobre essa descoberta no artigo “Diversity of Social Wasps (Hymenoptera: Vespidae: Polistinae) in an Agricultural Environment in Bambuí, Minas Gerais, Brazil”.

14 ninhos da vespa, sem a presença dos adultos, foram coletados e colocados em recipientes de plástico cobertos por uma estrutura em tecido com ventilação. Durante 40 dias, os ninhos foram vistoriados para registrar a emergência dos parasitoides.

Foram registrados 301 parasitoides em 4 ninhos, com uma média de 75 parasitoides por ninho. O parasitoide emergido é da espécie Elasmus polisti, e é o primeiro registro deste parasitoide em ninhos de vespas sociais no Estado de Minas Gerais. Até então, esta espécie de parasitoide havia sido registrada apenas no Rio Grande do Sul.

Novos estudos precisam ser realizados para entender o efeito deste parasitoide na população da vespa P. versicolor, e se está causando uma alta mortalidade da vespa, assim, prejudicando o controle biológico exercido por esta espécie nas culturas agrícolas do campus.