Jack Responde: Algumas cachaças tem sabores, como por exemplo a de banana. Mas, como é feito esse processo de saborização da cachaça?
Olá amigos!
Nesta semana estaremos respondendo uma pergunta da leitora Leticia Shiga, que gostaria de saber um pouco mais sobre o processo de saborização da cachaça. Para responder a essa pergunta, contamos com a colaboração da nossa prezada professora e engenheira de alimentos Rafaela Corrêa Pereira.
Algumas cachaças tem sabores, como por exemplo a de banana. Mas, como é feito esse processo de saborização da cachaça?
Por Rafaela Corrêa Pereira (rafaela.correa@ifmg.edu.br)
Antes de esclarecer sobre o processo de “saborização da cachaça”, é importante explicar o que de fato é uma cachaça.
Quando uma matéria-prima vegetal (uva, cevada, cana-de-açúcar entre outras) é adicionada de uma cultura de microrganismos especializada e submetida ao processo de fermentação, tem-se como produto uma bebida alcoólica (vinho, cerveja, aguardentes). Isso acontece porque os microrganismos adicionados utilizam o açúcar da matéria-prima para produzir energia, com consequente formação de derivados, como o álcool (ou etanol), que é o componente característico dessas bebidas. Em algumas delas, o álcool é concentrado pelo processo de destilação, que consiste na evaporação e recuperação do álcool, dando origem às bebidas com maior graduação alcoólica (entre 38 e 54%), conhecidas como bebidas destiladas, como os aguardentes.
Os aguardentes são qualquer bebida alcoólica destilada, obtida a partir de mosto fermentado. É muito comum a utilização de frutas nesse processo. Quando a bebida apresenta entre 38 e 48% de álcool e é obtida a partir de caldo de cana-de-açúcar produzida no Brasil, ela recebe o nome de cachaça. Se armazenada por no mínimo um ano antes de ser comercializada, ela é denominada cachaça envelhecida.
O decreto 6871/2009, art. 53 do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento é o documento que estabelece e fiscaliza esses padrões.
A “cachaça de banana”, portanto, não é a bebida que utiliza a banana como matéria-prima para fermentação. A denominação correta, neste caso, seria “aguardente de banana”, o que não é usual. O mais comum é a utilização de extratos, aromatizantes e saborizantes que saborizam a cachaça. Mas, isso é uma prática permitida?
Não! O decreto em vigor não permite a adição de nenhum extrato ou substância de origem vegetal, ou mesmo aromatizantes e saborizantes à cachaça. Assim, os produtos disponíveis no mercado com essa denominação de venda (”cachaça de banana”, “cachaça de canela” e outros mais) não são reconhecidos nem regulamentados no país. A denominação correta para esses produtos seria “bebida alcoólica mista”.
É importante fazer essa diferenciação para que o consumidor esteja consciente do que está comprando e consumindo. Afinal, é pouco provável que um produto que seja disponibilizado no mercado com rotulagem e denominação de venda irregulares tenha garantia de qualidade e de boas práticas de fabricação.
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