Covid e os animais
O primeiro caso da “Corona Virus Disease” (doença do coronavírus ou covid-19) surgiu na cidade de Wuhan, localizada na China no final do ano de 2019. Existe a hipótese que o vírus Sars-CoV-2, agente causador da doença, foi transmitido a um homem após a ingestão de morcego ou pangolim infectado, que são hospedeiros do microorganismo. A partir dos primeiros relatos na China, a covid-19 foi disseminada pelo mundo, pois o vírus é transmitido por meio de gotículas geradas quando uma pessoa infectada tosse, espirra ou exala, podendo provocar síndrome respiratória aguda. E desde o início da pandemia surgiram muitas dúvidas com relação à transmissão do vírus entre homens e animais.
Os animais são acometidos por um tipo específico de coronavírus, mas que não possui relação com o responsável pela covid-19 e que não é transmitido para o ser humano. Até o momento se sabe que apenas os tutores infectados transmitem o vírus Sars-CoV-2 para cães e gatos, ou seja, estes animais não são capazes de infectar pessoas.
Em fevereiro de 2021, foi isolado em Belo Horizonte o novo coronavírus em cão da raça Boxer, após contato com tutores infectados. De acordo com um estudo recente da Fundação Oswaldo Cruz, a detecção do anticorpo contra o vírus Sars-CoV-2 nos animais é baixa, porém maior do que informações descritas anteriormente. De 311 animais (251 cães e 60 gatos) avaliados da região de São João de Meriti, na Baixada Fluminense, 26 animais (19 cães e 6 gatos) estavam infectados pelo vírus da covid-19. Os animais portadores do vírus podem apresentar sinais clínicos leves, como espirros, mas a maioria é assintomática.
A partir destas informações, não é necessário o abandono ou isolamento de animais com a preocupação da transmissão de covid-19. Mesmo durante a pandemia, cuidados com os pets não devem ser interrompidos. A higiene de pelos e patas após passeios deve ser realizada com lenços umedecidos e shampoos próprios para os pets, pois o álcool em gel convencional pode causar queimaduras e prejudicar o olfato dos animais. Não há estudos que comprovem que o novo coronavírus permaneça em patas e pelos, portanto os cuidados higiênicos recomendados são os mesmos que devem ser realizados rotineiramente, independente da pandemia.
Segundo o Centro de Controle e Prevenção de Doenças, pessoas com suspeita ou confirmação de covid-19 devem evitar o contato com os animais, assim como devem fazer com outros indivíduos. As medidas preventivas, como distanciamento social, uso máscaras e limpeza das mãos, devem ser adotadas por todas as pessoas, para diminuir a disseminação da covid-19 entre os homens e para os animais, que são apenas portadores do vírus. Vale ressaltar que com ou sem pandemia, abandonar ou promover maus-tratos aos animais é crime, segundo a Lei Federal nº 14.064/2020 (Lei Sansão), cuja pena vai de dois a cinco anos de reclusão, multa e perda da guarda do animal.
por Cândice Mara Bertonha (candice.bertonha@ifmg.edu.br)
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