Educação a distância e ensino remoto no ensino médio nos Institutos Federais antes e durante a pandemia por Covid-19
A criação da Rede Federal de Educação Profissional, Científica e Tecnológica iniciou em 1909, com a fundação de 19 Escolas de Aprendizes e Artífices pelo presidente Nilo Peçanha. Ao longo dos anos ocorreram transições, até que em 2008 foram criados os Institutos Federais de Educação, Ciência e Tecnologia (IFs). Atualmente há 38 IFs no Brasil, que possuem como finalidades e características a oferta de educação profissional. Os IFs oferecem no mínimo 50% das vagas para cursos técnicos integrados ou não ao ensino médio e o restante das vagas é destinado aos cursos de nível superior, sendo 20% para cursos de licenciaturas e/ou programas de formação pedagógica.
A partir do final de 2019 a pandemia por “Corona Virus Disease” (Doença do Coronavírus ou Covid-19) representou um dos maiores desafios sanitários em escala mundial. A Covid-19 possui alta disseminação e é capaz de provocar mortes, principalmente pelo comprometimento dos sistemas respiratório e cardiovascular. Sendo assim, uma das principais medidas de controle da disseminação do vírus é o isolamento social, o que resultou no fechamento das unidades de ensino. Esta medida resultou no cancelamento das aulas presenciais com a possibilidade de adoção de aulas não presenciais, autorizada pela portaria n°343, de 17 de março de 2020.
Dentre as possibilidade das aulas não presenciais está a educação a distância (EaD) que é uma modalidade de ensino que possibilita a auto-aprendizagem, com a mediação de recursos didáticos sistematicamente organizados, apresentados em diferentes suportes de informação, utilizados isoladamente ou combinados e veiculados pelos diversos meios de comunicação, como a internet. O ensino remoto (ER) utiliza os princípios da EaD, porém sem todo o planejamento, estrutura e profissionais envolvidos da modalidade, sendo adotado no período da pandemia de maneira emergencial.
Diante disso, as professoras Cândice Mara Bertonha e Márcia Teixeira Bittencourt do IFMG Campus Bambuí, juntamente com a professora Patrícia Ferreira Santos Guanãbens do IFMG Campus Avançado Arcos, investigaram o uso da EaD e do ER no ensino médio nos IFs da região Sudeste (São Paulo, Minas Gerais, Espírito Santo e Rio de Janeiro), antes e durante a pandemia ocasionada pela Covid-19. Para isso, foram enviados questionários por e-mail aos 141 IFs da região Sudeste, obtendo resposta de 46 campi.
Foi possível constatar que a EaD era pouco adotada no ensino médio (17,8%) antes da pandemia pelos IFs avaliados e que a maioria dos docentes (76,1%) não possuía o treinamento e conhecimento prévio para trabalhar com plataformas digitais. E para contornar esta situação, 91,1% dos IFs ofereceram treinamento durante a pandemia, buscando a capacitação dos docentes, inclusive o IFMG Campus Bambuí.
Apenas em 15,2% das instituições pesquisadas o ER foi implementado imediatamente após a suspensão do calendário presencial, sendo paralisadas as aulas por tempo variável em diversos IFs. Mas o retorno às aulas de maneira não presencial ocorreu até outubro de 2020 em 97,8% dos IFs estudados, dentre eles o IFMG Bambuí. Ou seja, de maneira geral, os IFs inicialmente paralisaram as aulas, mas após a capacitação dos professores, retornaram as aulas com o ER, visando o ensino com qualidade aos alunos.
O artigo da pesquisa descrita está disponível na íntegra na revista Research, society and development (Link).
Por Cândice Mara Bertonha (candice.bertonha@ifmg.edu.br)
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