Avaliação da transferência de imunidade passiva em bezerras leiteiras no estado de Minas Gerais
Por Bárbara Barros Silveira; Camille Alexandra Carvalho e Silva; José Azael Zambrano Uribe; Michelle de Paula Gabardo; Fernanda Morcatti Coura (fernanda.coura@ifmg.edu.br)
A mortalidade de bezerras nos primeiros meses de vida é uma das principais causas de prejuízos na bovinocultura de leite e a falha na imunidade passiva ou falha na colostragem adequada desses animais é uma importante causa dessas mortes.
Os bovinos possuem a placenta do tipo sindesmocorial, o que impede a passagem de anticorpos da circulação sanguínea materna para a fetal. Dessa forma, os bezerros nascem altamente dependentes do colostro materno nas primeiras horas de vida.
O colostro é a primeira secreção da glândula mamária dos mamíferos após o parto. Nas vacas de leite ele é produzido durante o período seco, que acontece no final da gestação. É constituído por anticorpos, hormônios, proteínas, gorduras e outros nutrientes essenciais para a nutrição, imunidade e regulação da temperatura corporal do recém-nascido. Assim, a ingestão de um colostro de qualidade, na quantidade e no período recomendados, é crucial para garantir o sucesso dessa imunidade.
De maneira geral, os recém-nascidos devem receber cerca de 10% do peso vivo de um colostro de boa qualidade nas primeiras 6 horas de vida. Após esse período, os animais perdem de maneira gradativa a capacidade de absorver os anticorpos pelo seu intestino, reduzindo a eficiência da transferência dos anticorpos. Para a avaliação da qualidade do colostro produzido pela vaca pode-se utilizar o colostrômetro ou o refratômetro de Brix (Figura 1).
Figura 1: Avaliação da qualidade do colostro através do refratômetro de Brix digital.
Fonte: José Azael Zambrano Uribe.
O passo seguinte a colostragem é a avaliação da transferência de imunidade passiva no sangue dos animais. Existem diferentes testes que permitem essa mensuração. No entanto, o teste mais utilizado é a avaliação da proteína total sérica, realizado com a utilização de um refratômetro, visto que esse teste é realizado de forma rápida e não exige treinamento especializado (Figura 2). A avaliação do sangue pelo refratômetro permite classificar os bezerros como tendo falha na transferência de imunidade passiva (FTIP), se a concentração sérica proteína total for <5,2 g/dL em 24 h de vida.
Figura 2: Avaliação da transferência da imunidade passiva pelo refratômetro de proteínas séricas.
Fonte: José Azael Zambrano Uribe.
Face ao exposto, com o objetivo de avaliar a transferência da imunidade passiva em bezerras no estado de Minas Gerais, as professoras Fernanda Morcatti Coura e Michelle de Paula Gabardo do IFMG - Campus Bambuí, juntamente com as alunas Camille Carvalho e Bárbara Barros Silveira do curso de Medicina Veterinária, em parceria com o médico veterinário José Azael Zambrano, desenvolveram um projeto de pesquisa que visa analisar os dados de transferência de imunidade passiva em bezerras leiteiras no estado, sua classificação e sua relação com perdas produtivas, mensuradas pelo ganho médio diário de peso até a desmama e mortalidade. Até o momento foram avaliados o soro sanguíneo de 7.399 bezerras, das quais 1.397 obtiveram a avaliação da colostragem classificada como ruim, 789 como boa, 1.107 como ótima e 4.106 como excelente.
Devido a importância da bovinocultura de leite para o estado de Minas Gerais, que é considerado o maior produtor de leite do país, e os prejuízos relacionados a falha de transferência da imunidade passiva para as bezerras, esse trabalho visa ampliar os conhecimentos sobre a colostragem em bovinos de leite no estado e sua possível relação com a produtividade. Além disso, pesquisas como esta permitem a parceria com empresas privadas e que os alunos possam unir a teoria vista em sala de aula com a realidade presente no meio rural, agregando positivamente a sua formação.
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