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Sábado, 17 Junho 2023 18:26

Avaliação da transferência de imunidade passiva em bezerras leiteiras no estado de Minas Gerais

Imagem de coleta de soro para avaliação da transferência da imunidade passiva pelo refratômetro de proteínas séricas. Imagem de coleta de soro para avaliação da transferência da imunidade passiva pelo refratômetro de proteínas séricas. Fonte: José Azael Zambrano Uribe.

Por Bárbara Barros Silveira; Camille Alexandra Carvalho e Silva; José Azael Zambrano Uribe; Michelle de Paula Gabardo; Fernanda Morcatti Coura (fernanda.coura@ifmg.edu.br)

A mortalidade de bezerras nos primeiros meses de vida é uma das principais causas de prejuízos na bovinocultura de leite e a falha na imunidade passiva ou falha na colostragem adequada desses animais é uma importante causa dessas mortes.

Os bovinos possuem a placenta do tipo sindesmocorial, o que impede a passagem de anticorpos da circulação sanguínea materna para a fetal. Dessa forma, os bezerros nascem altamente dependentes do colostro materno nas primeiras horas de vida.

O colostro é a primeira secreção da glândula mamária dos mamíferos após o parto. Nas vacas de leite ele é produzido durante o período seco, que acontece no final da gestação. É constituído por anticorpos, hormônios, proteínas, gorduras e outros nutrientes essenciais para a nutrição, imunidade e regulação da temperatura corporal do recém-nascido. Assim, a ingestão de um colostro de qualidade, na quantidade e no período recomendados, é crucial para garantir o sucesso dessa imunidade.

De maneira geral, os recém-nascidos devem receber cerca de 10% do peso vivo de um colostro de boa qualidade nas primeiras 6 horas de vida. Após esse período, os animais perdem de maneira gradativa a capacidade de absorver os anticorpos pelo seu intestino, reduzindo a eficiência da transferência dos anticorpos. Para a avaliação da qualidade do colostro produzido pela vaca pode-se utilizar o colostrômetro ou o refratômetro de Brix (Figura 1).

Figura 1: Avaliação da qualidade do colostro através do refratômetro de Brix digital. 
Fonte: José Azael Zambrano Uribe.

O passo seguinte a colostragem é a avaliação da transferência de imunidade passiva no sangue dos animais. Existem diferentes testes que permitem essa mensuração. No entanto, o teste mais utilizado é a avaliação da proteína total sérica, realizado com a utilização de um refratômetro, visto que esse teste é realizado de forma rápida e não exige treinamento especializado (Figura 2). A avaliação do sangue pelo refratômetro permite classificar os bezerros como tendo falha na transferência de imunidade passiva (FTIP), se a concentração sérica proteína total for <5,2 g/dL em 24 h de vida.

Figura 2: Avaliação da transferência da imunidade passiva pelo refratômetro de proteínas séricas.
Fonte: José Azael Zambrano Uribe.

Face ao exposto, com o objetivo de avaliar a transferência da imunidade passiva em bezerras no estado de Minas Gerais, as professoras Fernanda Morcatti Coura e Michelle de Paula Gabardo do IFMG - Campus Bambuí, juntamente com as alunas Camille Carvalho e Bárbara Barros Silveira do curso de Medicina Veterinária, em parceria com o médico veterinário José Azael Zambrano, desenvolveram um projeto de pesquisa que visa analisar os dados de transferência de imunidade passiva em bezerras leiteiras no estado, sua classificação e sua relação com perdas produtivas, mensuradas pelo ganho médio diário de peso até a desmama e mortalidade. Até o momento foram avaliados o soro sanguíneo de 7.399 bezerras, das quais 1.397 obtiveram a avaliação da colostragem classificada como ruim, 789 como boa, 1.107 como ótima e 4.106 como excelente.

Devido a importância da bovinocultura de leite para o estado de Minas Gerais, que é considerado o maior produtor de leite do país, e os prejuízos relacionados a falha de transferência da imunidade passiva para as bezerras, esse trabalho visa ampliar os conhecimentos sobre a colostragem em bovinos de leite no estado e sua possível relação com a produtividade. Além disso, pesquisas como esta permitem a parceria com empresas privadas e que os alunos possam unir a teoria vista em sala de aula com a realidade presente no meio rural, agregando positivamente a sua formação.

Última modificação em Quarta, 28 Junho 2023 13:40

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