Quarta, 06 Março 2024 14:44

Biosseguridade na produção de leite: pesquisa pretende evidenciar avanços e desafios

Fotografia tirada pelo aluno de Iniciação Científica Brenner Frederico Carvalho Alves, de vacas leiteiras holandesas no estábulo durante seu estágio em uma fazenda de produção leiteira. Fotografia tirada pelo aluno de Iniciação Científica Brenner Frederico Carvalho Alves, de vacas leiteiras holandesas no estábulo durante seu estágio em uma fazenda de produção leiteira. Brenner Frederico Carvalho Alves

Por Camille Alexandra Carvalho e Silva (camillecarvalhos.92@gmail.com); Brenner Frederico Carvalho Alves (fr.brenner@outlook.com); José Azael Zambrano Uribe (jose.zambrano@rehagro.edu.br); Michelle de Paula Gabardo (michelle.gabardo@ifmg.edu.br); Fernanda Morcatti Coura (fernanda.coura@ifmg.edu.br).

A produção de leite é uma atividade importante para inúmeras famílias de agricultores, fornecendo uma fonte vital de renda. Além disso, o leite é altamente valorizado por seu excelente perfil nutricional, rico em macro e micronutrientes, sendo um dos alimentos mais versáteis e consumidos em diversas formas. Para garantir maior lucratividade no sistema produtivo, a saúde dos animais, a segurança alimentar e a saúde pública, é essencial a adoção de práticas de biosseguridade.

Biosseguridade animal é definida como um conjunto de medidas técnicas que têm como objetivo prevenir a introdução, estabelecimento e propagação de doenças, infecções ou infestações em uma população animal. Essas medidas abrangem tanto aspectos externos quanto internos, que visam impedir a entrada e saída de patógenos, bem como reduzir a disseminação desses agentes patogênicos dentro do rebanho.

Para a Organização Mundial da Saúde (OMS), biosseguridade é uma abordagem estratégica e integrada utilizada com o objetivo de gerenciar os riscos relacionados à vida e à saúde humana, animal e vegetal, bem como os riscos ambientais associados. Dessa forma, a adoção de práticas de biosseguridade nas propriedades de bovinocultura leiteiras contribui para a redução do ingresso, desenvolvimento e proliferação de doenças infecciosas no rebanho. Isso resulta em animais mais saudáveis e produtivos, além de garantir a saúde dos trabalhadores e dos consumidores finais (Figura 1).

 

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Figura 1: Realização de coleta de sangue de um bovino na veia coccígea localizada na cauda para diagnóstico etiológico de diagnóstico de brucelose. Na imagem, o aluno de Iniciação Científica Brenner Frederico Carvalho Alves realiza a coleta. A testagem de animais para doenças infecciosas é uma das medidas de ordem geral a serem adotadas em um programa de biosseguridade.
Fonte: Brenner Frederico Carvalho Alves

Embora a biosseguridade seja de extrema importância na produção de leite, sua aplicação ainda não é tão difundida como em outras atividades, como avicultura e suinocultura. Vários fatores econômicos, produtivos, sociais e culturais têm sido considerados limitantes para sua adoção. No entanto, no Brasil, a pesquisa sobre esse tema ainda é escassa.

Nesse contexto, um estudo realizado pelo Grupo de Pesquisa Interdisciplinar em Sanidade Animal buscou preencher essa lacuna e avaliar as práticas de biosseguridade adotadas em propriedades leiteiras no país. A pesquisa foi conduzida por meio de um questionário eletrônico composto por 82 perguntas, aplicado de abril a dezembro de 2022, utilizando a plataforma Google Forms®. Foram obtidas respostas de 91 propriedades leiteiras distribuídas da seguinte forma: Bahia (BA) 3, Ceará (CE) 2, Sergipe (SE) 1, Piauí (PI) 1, Distrito Federal (DF) 2, Goiás (GO) 3, Rio Grande do Norte (RN) 1, Rio Grande do Sul (RS) 1, Santa Catarina (SC), Rio de Janeiro (RJ) 3,Espírito Santo (ES) 1, 1 São Paulo (SP) 3 e Minas Gerais (MG) 69.

Para melhor análise dos dados, as fazendas serão classificadas com base na produção diária de leite e no número de vacas leiteiras. Essa classificação permitirá agrupar os respondentes e fornecer delineamentos estatísticos apropriados para o grupo amostral, aumentando a clareza dos resultados obtidos.

É fundamental compreender os fatores de risco associados à introdução e disseminação de patógenos específicos no rebanho, bem como a aplicabilidade dos princípios de biosseguridade, considerando as particularidades estruturais, socioeconômicas e culturais de cada sistema de produção de leite. Além disso, é essencial promover conhecimentos básicos de medicina veterinária preventiva e educação sanitária entre todos os envolvidos na cadeia produtiva.

Os resultados dessa pesquisa permitirão identificar como os produtores atualmente utilizam a biosseguridade, quais medidas eles consideram úteis, mas ainda não adotam, e quais fatores podem influenciar a aceitação dessas práticas em suas propriedades. Isso abre caminho para que esforços conjuntos entre pecuaristas, técnicos e entidades governamentais sejam direcionados para medidas de biosseguridade que fortaleçam a saúde e a qualidade do rebanho, aumentando a eficiência da produção e a segurança alimentar do produto final.

A divulgação dessa pesquisa e de outras realizadas na Instituição reforça a importância da pesquisa científica no avanço da pecuária leiteira. Com o apoio contínuo à pesquisa, a produção de leite no Brasil poderá alcançar novos patamares de excelência, beneficiando produtores, consumidores e a sociedade como um todo.

Última modificação em Quarta, 06 Março 2024 15:06

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