Quarta, 12 Outubro 2022 19:43

A pandemia pelo novo coronavírus (COVID-19) impactou a pecuária leiteira no estado de Minas Gerais?

Alimentação de vacas de uma fazenda participante da pesquisa. Alimentação de vacas de uma fazenda participante da pesquisa. Foto tirada pelo autor Brenner Frederico Carvalho Alves

Por Fernanda Morcatti Coura (fernanda.coura@ifmg.edu.br); Jéssica Ferreira Rodrigues; Brenner Frederico Carvalho Alves; Camille Alexandra Carvalho e Silva; Clarice Freire de Morais.

O Brasil destaca-se por ser o 4ª maior produtor mundial de leite, sendo o estado de Minas Gerais o maior produtor de leite do país. Dentre os entraves que influenciam a cadeia produtiva do leite, estão as pandemias, pois a necessidade da adoção de medidas restritivas e sanitárias podem afetar a renda da população e a comercialização de produtos e insumos. Porém, pandemias também podem ser oportunidades. Na pandemia pelo SARS-CoV-2, o agente viral causador da COVID-19, a demanda por alimentos de alto valor nutricional, como o leite e seus derivados, cresceu rapidamente, impactando no comportamento dos consumidores brasileiros.

Com o objetivo de analisar os efeitos da pandemia pela COVID-19 na pecuária leiteira, as professoras do IFMG do campus Bambuí, Fernanda Morcatti Coura e Jéssica Ferreira Rodrigues, juntamente com os alunos Brenner Frederico Carvalho Alves, Camille Alexandra Carvalho e Silva e Clarice Freire de Morais da turma de Medicina Veterinária e o aluno Samuel Piassi, do curso de Mestrado em Sustentabilidade e Tecnologia Ambiental, aplicaram um questionário para produtores de leite no Brasil. Foram obtidas até o momento informações de 73 produtores, com 53 deles localizados no estado de Minas Gerais.

A análise e discussão dos dados está em processo, e brevemente será divulgada. Até então, algumas mudanças foram percebidas pelos produtores mineiros, causadas principalmente pela dificuldade de logística e compra de insumos, como alimentos voltados para a nutrição animal, produtos para a produção vegetal, medicamentos e materiais para restauração de estruturas. Dentre os respondentes que afirmaram terem sofrido algum impacto negativo em sua produção, foi observada dificuldade na aquisição de matérias primas, variação da demanda e do preço do leite e a falta de funcionários e/ou revezamento deles, afetando a produção de leite.

A demanda de leite não mudou para 40 respondentes (55%), sendo estes, produtores com rebanhos médios (de 151 a 300 vacas). Em contrapartida, a demanda por leite aumentou para 24 propriedades (33%), composta por produtores com rebanhos pequenos (< 150 vacas) ou muito grandes (501 a 700 vacas). Uma redução na demanda por leite foi observada para somente 9 respondentes (12%), sendo estes produtores com rebanhos grandes (301 a 500 vacas). O restante afirmou não terem sofrido impacto.

Dentre as medidas de biosseguridade adotadas pelas fazendas, foi observado que o controle dos visitantes nas instalações dos animais varia entre as propriedades. Fazendas que adotam o livre acesso dos visitantes corresponderam a 50 propriedades, ou seja, 69% e 15% das propriedades exigem autorização prévia para entrada de pessoas nas instalações. A entrada restrita na propriedade foi relatada em 12 (16%) fazendas.

Ainda, com relação a práticas de biosseguridade como forma de prevenção do COVID-19, foi exigido o uso de máscaras aos funcionários o tempo todo de trabalho em 17 (23%) propriedades. Importante destacar que o uso de máscara não foi exigido em 40 (55%) fazendas e 16 propriedades exigiam a utilização de máscaras durante parte do trabalho (22%). Ademais, a utilização de máscaras pelos visitantes foi realizada por exigência da fazenda ou por conta própria, sendo que 32% das fazendas exigiam o seu uso e 52% das fazendas não faziam essa exigência. Importante destacar que o uso de máscaras não era obrigado ou realizado em 12 propriedades (16%).

Assim, os resultados da pesquisa até o presente momento demonstram que a pandemia pelo COVID-19 trouxe impactos positivos e negativos no que diz respeito à produção leiteira no estado e parte da explicação dos impactos pode estar no tamanho das propriedades com relação a produção de leite. A pesquisa continua e visa também abranger a utilização das práticas de biosseguridade na pecuária leiteira.

 

Última modificação em Quarta, 12 Outubro 2022 20:43

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