Por Alline Morgana Silva Leite; Camille Alexandra Carvalho e Silva; Ianna Lins Teodoro Napoleão; Candice Mara Bertonha; Joana Zafalon Ferreira (joana.zafalon@ifmg.edu.br)

A odontologia veterinária é uma área que tem crescido ao longo do tempo, buscando os cuidados dentários preventivos, principalmente na espécie equina. Os equinos, assim como demais animais domésticos, necessitam de tais cuidados, visto que os procedimentos melhoram a saúde bucal, a função esportiva, e, consequentemente, mantém uma boa qualidade de vida para o animal.

A doença periodontal é uma doença crônica, caracterizada pela infecção bacteriana e inflamação, na qual compromete inicialmente a gengiva, seguido por outros componentes bucais, como dentes e ligamentos periodontais. Acredita-se que a doença ocorra por consequência da impactação de fibras alimentares entre os dentes, desgastes anormais associado ao surgimento dos dentes em animais jovens, além das irregularidades da arcada dentária em equinos idosos. E com isso, em casos mais avançados da doença, pode ocorrer a mobilidade e perda prematura do dente, além de consequências na saúde geral do animal, como impacto na condição corporal e no desempenho do animal.

A limpeza periodontal é uma das estratégias para o tratamento e prevenção da doença periodontal. Para manipular a cavidade bucal dos equinos, a posição quadrupedal é mais recomendada visando facilitar o acesso e o trabalho do veterinário. Dessa forma, visando colaborar com o manejo dos animais, e reduzir outros riscos que a anestesia geral pode causar, a sedação é uma alternativa viável para esses tipos de procedimentos poucos invasivos por permitir que o animal permaneça em quatro apoios, mas respondendo de forma menos intensa aos estímulos.

Dentre os sedativos disponíveis no mercado, a detomidina destaca-se por gerar efeitos sedativos e analgésico satisfatórios em equinos. Este fármaco apresenta rápida absorção e causa relaxamento muscular. As vias de administração mais frequentes são via intravenosa e via intramuscular.

Embora haja várias técnicas e protocolos anestésicos para equinos, a administração de sedativos pela via intranasal é pouco relatada para a espécie. Entretanto, sabe-se que fármacos administrados por essa via, são conduzidos rapidamente para a corrente sanguínea, resultando em uma elevada biodisponibilidade do medicamento, além de reduzir a dor e ansiedade pela aplicação quando comparada à administração das vias intramuscular e intravenosa.

Diante disso, com o objetivo de avaliar os efeitos e eficiência da detomidina pela via intranasal, foi desenvolvido um projeto de pesquisa pela professora Joana Zafalon Ferreira e pela discente de graduação em Medicina Veterinária Alline Morgana Silva Leite. A execução do projeto conta com a colaboração das discentes Ana Beatriz Oliveira Lara, Camille Alexandra Carvalho e Silva, Ianna Lins Teodoro Napoleão e Laura Cecília Bernardo Lima e das professoras Cândice Mara Bertonha (IFMG) e Karina Yukie Hirata (UFJF).

O projeto está sendo desenvolvido com equinos do Centro de Equoterapia do IFMG - Campus Bambuí, saudáveis e aptos para o procedimento de limpeza periodontal. Após jejum hídrico e alimentar, os animais são sedados com detomidina pela via intranasal, e diversos parâmetros são avaliados, como frequência cardíaca e respiratória, pressão arterial, motilidade intestinal, temperatura, eletrocardiograma, sensibilidade da cavidade oral e outros. Espera-se que durante o procedimento os animais estejam adequadamente sedados, confortáveis com a manipulação bucal e sem dor.

Apesar de a sedação ser utilizada no projeto para limpeza periodontal, ela também pode ser aplicada para diversos procedimentos veterinárias, que vão desde um exame clínico até cirurgias simples. Dessa forma, o resultado desse trabalho promoverá via alternativa para aplicação de sedativos, facilitando o manejo a campo e serviços veterinários. Além disso, servirá como incentivo para pesquisas com outros fármacos e vias nos animais domésticos.