Por Karina Yukie Hirata (karina.hirata@ifmg.edu.br)

A vacinação representa o principal método de manutenção da saúde em uma população e de prevenção contra doenças infecciosas em cães. Estima-se que apenas 30 a 50% da população de animais de companhia seja adequadamente vacinada mesmo em países desenvolvidos, e sabe-se que essa porcentagem é ainda menor em países em desenvolvimento. Nesse sentido, o elevado número de casos atendidos na rotina clínica veterinária de enfermidades como cinomose, parvovirose e leptospirose poderia ser evitado se a vacinação fosse realizada corretamente.

De acordo com o Grupo de Diretrizes de Vacinação da Associação Veterinária Mundial de Pequenos Animais (VGG-WSAVA), as vacinas consideradas essenciais no Brasil, isto é, que todo cão deve receber para proteção contra infecções que possam causar doença grave ou fatal, são aquelas que incluem o vírus da cinomose, adenovírus canino tipo 2, parvovírus canino tipo 2 (presentes nas vacinas polivalentes – V8/V10) e a vacina antirrábica. Embora a raiva canina esteja relativamente controlada, a enfermidade ainda ocorre no Brasil e representa uma importante zoonose, isto é, uma doença em que a transmissão envolve animais e o homem. As campanhas públicas de vacinação antirrábica realizadas anualmente no país contribuem para maior cobertura vacinal contra essa doença, entretanto, uma parcela importante dos tutores desconhece ou não realiza de forma adequada a administração de vacinas polivalentes em seus cães.

Outras vacinas consideradas não essenciais podem ser administradas na dependência do local onde o animal vive e a exposição a infecções específicas, de modo que a avaliação individual do cão para um planejamento da vacinação se faz necessário. O esquema de vacinação adotado, a idade de vacinação dos filhotes e o intervalo entre as aplicações podem ser determinantes quanto à indução de proteção eficiente contra doenças.

Considerando a importância da imunização de cães para a manutenção da saúde coletiva, um estudo vem sendo desenvolvido no IFMG Campus Bambuí, conduzido pela professora Karina Yukie Hirata, juntamente com duas alunas do curso de graduação em Medicina Veterinária, Isabela Leite Ferreira e Jenny Smith Bajur Reis. A pesquisa aplicou questionários virtuais a 390 tutores de cães do município de Bambuí-MG, para verificar como é realizada a vacinação dos cães e o conhecimento dos tutores sobre o assunto.

Os dados estão sendo analisados e em breve serão divulgados mais detalhadamente. Até o momento, 91% dos tutores afirmaram que realizam algum tipo de vacinação em seus cães, sendo a vacinação antirrábica realizada com maior frequência (85,1%), o que provavelmente está relacionado à disponibilização dessa vacina em campanhas públicas de forma gratuita. Quanto à administração das vacinas polivalentes, destaca-se a falta de informação da maioria dos participantes, visto que 19,2% dos tutores realizaram aplicação da vacina apenas uma vez durante a vida do animal, 31,6% não conhecem ou não sabem informar se a vacina foi realizada em seu cão e 51,1% desconhecem a frequência com que essa vacina deve ser administrada.

Além disso, a desinformação em relação à idade do filhote na aplicação da última dose de reforço da vacina polivalente, que deve ser a partir de 16 semanas para produzir imunização eficiente, alerta para a possibilidade de animais que são vacinados, porém sem proteção adequada contra doenças. Evidencia-se ainda que 27,9% dos tutores afirmaram que a vacinação de seus cães é realizada por profissional não especializado e não por um médico veterinário.

Dessa forma, os resultados parciais da pesquisa enfatizam a necessidade de programas de conscientização dos tutores quanto à importância da vacinação de seus cães e da busca por um médico veterinário para que o planejamento da vacinação do seu animal seja feito de forma individualizada e correta.

A campanha de vacinação antirrábica de cães e gatos em Bambuí irá até o dia 02/10/2021. Para maiores informações acesse: Link.