Quarta, 29 Outubro 2025 16:09

Manejo de Javalis (Sus scrofa) no contexto do Parna Canastra: uma nova proposta

Javalis em seu habitat natural Javalis em seu habitat natural Imagem gerada por IA (Gemini)

Por: Laura Semira Souza Sales, Luisa dos Santos Christo, Jackie Anne Silvério de Souza, Moroyner da Costa Barbosa, Clarice Silva Cesário (clarice.silva@ifmg.edu.br)

O javali (Sus scrofa) é uma espécie exótica invasora no Brasil, caracterizado por sua ampla adaptabilidade e potencial para causar graves impactos ecológicos, econômicos e sanitários. Como onívoro oportunista, possui uma dieta diversificada que inclui frutos, sementes, folhas, raízes, brotos, bulbos, animais, fungos, carniça e até filhotes de outras espécies. Forma grandes bandos que são vorazes e causam grande impacto ambiental e também econômico, como perdas em lavouras. Além disso, representam um risco sanitário significativo, pois podem transmitir doenças a seres humanos e outros animais.

Com o objetivo de desenvolver um método alternativo para o controle de javalis no Parque Nacional da Serra da Canastra (Parna Canastra), criou-se uma estratégia de manejo que inclui maior eficiência no controle de rebanhos, uso de técnicas de sedação pré-abate, participação de equipes veterinárias e princípios de bem-estar animal. A proposta envolveu três frentes principais: análise das práticas vigentes, verificação da legislação aplicável e introdução da contenção química como técnica principal. Essa estratégia visou capturar os animais com menor sofrimento, promover maior segurança para os manejadores e oferecer resultados mais sustentáveis no controle populacional.

Figura 1 Manejo de javalis

Figura 1 – O manejo da nova proposta ocorre em etapas sequenciais: seleção de materiais e profissionais, identificação dos locais de incidência do animal, instalação de armadilhas, apreensão, contenção química e, por fim, o abate.
Fonte: Arquivo pessoal

 

A pesquisa foi conduzida por meio de revisão bibliográfica e uma entrevista com os responsáveis pelo manejo de javalis no Parna Canastra, durante a "I Capacitação em peças zoológicas e botânicas e o primeiro Curso de Campo no Parque Nacional da Serra da Canastra". O evento contou com a participação de estudantes do IFMG - Campus Bambuí, proporcionando uma troca de conhecimentos sobre os desafios e as limitações do manejo atual. Durante as discussões, foram levantados aspectos técnicos, éticos, sociais e legislativos, fundamentais para identificar possibilidades de melhoria e planejar um método mais eficiente.

Um dos pontos centrais do projeto é a aplicação da contenção química, ou seja, a contenção a partir da administração de medicamentos para imobilização do animal, que surge como alternativa ao manejo tradicional baseado em armadilhas ou abate direto. Esse método reduz significativamente o estresse dos animais durante a captura e minimiza os riscos operacionais para os manejadores. Além de atender aos princípios de bem-estar animal, a contenção química possibilita uma operação mais controlada e eficaz, essencial em áreas de preservação ambiental como o Parna Canastra.

Com base nas informações levantadas, foram elaborados fluxogramas comparativos que detalham o manejo atual e as etapas do novo método proposto. Essa análise permitiu identificar as vantagens e limitações de cada abordagem, evidenciando o potencial da contenção química como uma solução ética e tecnicamente viável. A proposta também considera o alinhamento com as legislações vigentes, garantindo a conformidade do manejo com as normas ambientais e sanitárias.

O controle de javalis no Parna Canastra pode ser significativamente aprimorado com a adoção de práticas modernas e alinhadas às demandas éticas e legais. A contenção química representa um avanço, permitindo um controle populacional mais eficiente e sustentável. Além de mitigar os impactos causados por essa espécie invasora, a implementação do método proposto pode servir como modelo para iniciativas em outros contextos, contribuindo para a conservação ambiental e o equilíbrio dos ecossistemas.

Figura 2 Alunos na canastra

Figura 2 – Alunos do IFMG-Campus Bambuí junto à orientadora Clarice Cesário e a um dos integrantes da equipe do PARNA Canastra, Moroyner Barbosa no alojamento ´´Jaguarê´´, localizado na cidade de São Roque de Minas, MG.
Fonte: Arquivo pessoal

Última modificação em Quinta, 30 Outubro 2025 22:38

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