Por Maria Eduarda da Silva Teixeira; Denise Borges Belo; Nathan Gabriel Pereira Veloso; Candice Mara Bertonha; Joana Zafalon Ferreira (joana.zafalon@ifmg.edu.br).

A caprinocultura é uma atividade econômica em ascensão, desenvolvida em diferentes partes do mundo com importante relevância socioeconômica. Diante disso, intervenções cirúrgicas nessa espécie, como a castração, são cada vez mais recorrentes. Em cirurgias é indispensável a utilização de protocolos anestésicos e analgésicos em conformidade com a particularidade da espécie, assegurando conforto, saúde e bem-estar animal.

Existem poucos estudos sobre o suporte analgésico em caprinos, o que limitada o controle da dor nessa espécie. O tramadol é um agente analgésico de fácil administração e utilizado no controle da dor em várias espécies domésticas.

Sob essa perspectiva, a professora do IFMG, campus Bambuí, Joana Zafalon Ferreira e a discente do curso de Medicina Veterinária Maria Eduarda da Silva Teixeira planejaram a pesquisa e, com a colaboração dos discentes Denise Borges Belo e Nathan Gabriel Pereira Veloso e da professora Candice Mara Bertonha, executaram o projeto com o intuito de verificar a eficácia analgésica do tramadol em caprinos submetidos à castração.

A pesquisa foi aprovada pelo Comitê de Ética no Uso de Animais (CEUA) do IFMG, campus Bambuí, e aconteceu no Setor de Caprino-Ovinocultura da instituição. Inicialmente houve o treinamento da equipe, pesagem e avaliação do estado de saúde dos animais pelo exame físico e de exames complementares (hemograma completo e bioquímica sérica).

Sete caprinos, machos, sem raça definida, com idade entre quatro e sete meses e pesando entre 16,2 e 28,0 kg participaram da pesquisa. Os animais ficaram em jejum alimentar (12 horas) e hídrico (6 horas). Após contenção física eles receberam anestesia local com lidocaína e, passados 10 minutos, o tratamento pela via intramuscular. Um grupo recebeu tramadol (quatro animais) e o outro água de injeção (três animais). Ao término do procedimento cirúrgico, a equipe, sem conhecimento dos tratamentos, iniciou a avaliação dos animais. Foram avaliadas a motilidade intestinal e a dor pela escala adaptada pela UFERSA. Nesta escala a avaliação é feita pela somatória de pontos obtidas na análise de oito parâmetros (frequência cardíaca e respiratória, pressão arterial, conforto, quantidade de movimento, aparência ou atitude, comportamento (sem estímulo) e resposta ao toque.

Quando foi diagnosticado que os animais estavam com dor, valores acima de 11 pontos de um máximo de 20 pontos, (pontuação estabelecida pela escala de avaliação), foi realizado o resgate analgésico pela administração de meloxicam, um anti-inflamatório não esteroidal.

O projeto encontra-se na etapa de análise dos dados, mas espera-se que o tramadol exerça analgesia eficaz nestas condições. Com isso, será possível a divulgação de uma opção de fácil obtenção e aplicação para o controle da dor em caprinos para os profissionais da área, permitindo que os animais desenvolvam menos estresse, mantenham a produtividade (ganho de peso) e, ao mesmo tempo, garantindo o bem-estar animal.