Economia Solidária
Por Valter de Mesquita (valter.mesquita@ifmg.edu.br)
Você sabia que existe um tipo de economia baseada na solidariedade das pessoas? Mesmo dentro de uma economia capitalista, existem pessoas formando grupos para produzir, comprar e vender através da cooperação e ajuda mútua!
São organizações de pessoas com objetivos sociais e econômicos comuns, que se agrupam e atuam no mercado, consumindo, fornecendo produtos e serviços.
Devido a dificuldades enfrentadas em um mercado competitivo e também por possuírem poucos recursos (capital, material e tecnologia), pessoas pobres podem operar um empreendimento econômico, com a mesma eficiência de uma empresa capitalista.
Este fenômeno é denominado economia solidária. É representado por cooperativas e associações de crédito, produção e consumo, espalhadas pelo mundo e também pelo Brasil. De acordo com o economista e professor Paul Singer, a economia solidária é a economia voltada para os pobres e excluídos do mercado, como produtores e consumidores.
As cooperativas e organizações de economia solidária são bastante comuns em situações de pobreza e crise econômica. Foram largamente utilizadas durante e depois da Revolução Industrial na Europa e EUA (Séculos XVIII e XIX), devido às péssimas condições sociais dos trabalhadores. Juntamente com políticas públicas de bem estar social, possibilitou a recuperação das economias dos países envolvidos no Pós Guerra.
A falta de emprego, a carestia de produtos básicos e a falta de crédito para investimento, levaram pessoas a se agruparem para produzir alimentos, trocar serviços, criar fundos comuns para viabilizar condições de sobrevivência.
Na economia solidária o capital social complementa o capital financeiro, através do exercício de valores éticos importantes, como a confiança, o compromisso, a responsabilidade coletiva e a preocupação com os outros.
Algumas experiências de economia solidária podem ser apresentadas:
1- Cooperativa de produção
É uma estratégia social de defesa contra o desemprego e a perspectiva de pobreza. Surge quando empresas capitalistas em vias de falência, devido a crises econômicas, são assumidas pelos seus trabalhadores, que investem capital advindo de seus créditos trabalhistas e poupanças, reorganizando a empresa como um empreendimento autogestionário. Dessa forma mantém o empreendimento, o emprego e a produção para um determinado grupo social.
2- A cooperativa de consumo
Reúne pessoas de baixa renda para aquisição, através de compras em comum de bens essenciais como alimentos, matéria prima para construção, material escolar, etc.
3- Cooperativa de comercialização agrícola
Reúne agricultores familiares pobres com os objetivos de comprar insumos, contratar serviços, processar e vender a produção em melhores condições de preço e comercialização.
4- Os clubes de troca
Inventados na Argentina e no Canadá. São organizações de pessoas em período de grande desemprego e queda da atividade econômica São pessoas desocupadas e desempregadas, que têm produtos ou serviços para fornecer e precisam também de comprar produtos e contratar serviços. Como só possuem dinheiro se venderem seus produtos e serviços, acabam ficando desabastecidos. O clube resolve o problema criando uma moeda de circulação entre seus membros, fazendo com que o fluxo de produtos e serviços possam ocorrer entre eles.
Nas organizações da economia solidária a forma de gestão é participativa, as decisões são tomadas em assembleias, através de acordo comum. O trabalho de gestão é mais colaborativo do que remunerativo. há casos em que não há remuneração, apenas ajuda de custo aos executivos.
O que faz uma organização ser caracterizada como organização de economia solidária são os critérios de cooperação, solidariedade, justiça na distribuição do trabalho, inclusão social, apoio e confiança mútua entre seus membros. Enfim uma experiência a ser considerada para a reconstrução da economia brasileira, pós pandemia, principalmente no que se refere às populações e regiões mais afetadas.
Se você gostou desse assunto e gostaria de ter mais informações sobre projetos de associativismo, cooperativismo e economia solidária, entre em contato com o professor Valter de Mesquita do Departamento de Ciências Gerenciais e Humanas (DCGH) do IFMG - Campus Bambuí.
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