Por Gabriel de Castro Jacques (gabriel.jacques@ifmg.edu.br)

As vespas são insetos pertencentes a Ordem Hymenoptera, a mesma das formigas e abelhas, e Família Vespidae, podendo ser solitárias ou eussociais. A eussocialidade se caracteriza por apresentar cuidado cooperativo com a prole, sobreposição de gerações no mesmo ninho e divisão de trabalho (reprodutores e operárias).

As vespas sociais são conhecidas popularmente como marimbondos ou cabas, e causam, normalmente, um grande pavor à população, devido ao medo das ferroadas, uma forma de defesa destes insetos contra agressores. No entanto, estes animais são muito importantes na natureza, por atuarem como predadores de outros insetos e polinizadores de uma grande variedade de plantas.

O controle biológico é o uso de inimigos naturais para fazer o controle da população das pragas agrícolas. Como as vespas sociais predam outros insetos, principalmente lagartas, elas contribuem com a diminuição da população de insetos pragas nas lavouras e podem ser usadas no controle biológico, diminuindo assim o uso de defensivos agrícolas.

No IFMG – Campus Bambuí, o professor Gabriel C. Jacques, junto com diversos alunos do campus e pesquisadores de outras instituições, estudam a diversidade e o potencial uso das vespas sociais no controle biológico.

Em um primeiro estudo, o Prof. Gabriel e sua equipe levantaram a diversidade de vespas sociais presentes no campus. A identificação destes insetos presentes em uma área é o primeiro passo para identificar quais são espécies ideais para serem utilizadas em programas de controle biológico. Neste trabalho, e com algumas atualizações posteriores, foram registradas 34 espécies de vespas sociais no campus, um elevado número comparado com outros estudos.

Em um segundo momento, foi realizado um levantamento das espécies de vespas sociais e o horário do dia que visitam a cultura da couve. Foram identificadas 16 espécies de vespas forrageando atrás de insetos na cultura da couve, com destaque para Polybia ignobilis, o principal predador do curuquerê da couve, uma lagarta que causa grandes perdas na produção. Além disso, observou-se que a maior atividade das vespas ocorrem pela manhã, entre 10 e 11 horas. Isto é importante, pois indica ao produtor que se houver necessidade de aplicar algum defensivo agrícola, que não se aplique neste horário.

Outros estudos relacionados ao tema foram publicados e a equipe continua os trabalhos para conhecerem melhor as vespas sociais. O certo é que estes insetos, na maior parte tão temidos, são importantíssimos para os ecossistemas naturais e também para os agrossistemas. Sendo assim, se estes insetos não estiverem em algum local que ofereça risco de ferroadas, não destrua seus ninhos.

Os artigos citados nesta publicação estão disponíveis na revista Sociobiology (link1 e link2).