Sexta, 26 Julho 2024 13:58

Jack responde: Qual a composição de um meteoro?

Imagem do mascote Jack, como aluno do curso de Física. Imagem do mascote Jack, como aluno do curso de Física. Amanda Iamaguchi

Olá, caros leitores!

No texto desta semana vamos esclarecer a dúvida de um leitor que gostaria de saber qual é a composição de um meteoro! Para nos ajudar a responder, vamos contar mais uma vez com a ajuda dos prezados professores de Física, Mayler Martins e José Hilton, que em outras ocasições também colaboraram conosco, respondendo a perguntas!

Jack responde: Qual a composição de um meteoro?

Por Mayler Martins (mayler.martins@ifmg.edu.br) e José Hilton Pereira da Silva (hilton.silva@ifmg.edu.br)

Antes de discutirmos sua composição, precisamos compreender o que é um meteoro. Sabemos que existe uma grande quantidade de corpos rochosos e metálicos no espaço, orbitando o Sol, assim como a Terra e os outros planetas fazem. Eles são principalmente fragmentos de planetas, satélites naturais, asteroides e cometas, que foram gerados por colisões que ocorreram com muita frequência durante o momento de formação do sistema solar, isso há cerca de 4,5 bilhões de anos atrás. Porém, essas colisões ainda ocorrem nos dias atuais, ainda que seja com menor frequência. Esses fragmentos, quando ainda estão no espaço, são chamados de meteoroides.

Quando um meteoroide entra na influência do campo gravitacional da Terra, sua velocidade aumenta, chegando a valores entre 40.000 km/h e 260.000 km/h. Ao se aproximar a ponto de adentrar na atmosfera terrestre, o atrito com o ar faz a temperatura do meteoroide aumentar, provocando a fusão e vaporização de sua superfície, além de ocasionar a ionização do ar ao seu entorno. Como consequência, surge um rastro luminoso no céu, de curta duração. Esse fenômeno, conhecido popularmente como “estrela cadente”, é chamado de meteoro. Então, podemos dizer que o meteoroide só se transforma em meteoro quando entra na atmosfera terrestre.

Em toda a Terra, todos os dias ocorrem, aproximadamente, 25 milhões de meteoros visíveis a olho nu. Porém, a grande maioria desses meteoros se desintegram completamente, convertendo-se em pó. No entanto, cerca de 500 meteoros chegam ao chão, anualmente, por serem maiores e mais resistentes ao processo de aquecimento pela atmosfera. A partir daí eles passam a ser chamados de meteoritos. Veja que interessante: os meteoroides, quando entram na atmosfera nós os chamamos de meteoros, e estes, quando chegam na superfície, são chamados de meteoritos. Apesar de caírem cerca de 500 meteoros todos os anos na Terra, nós só encontramos cerca de 1% deles, algo em torno de quatro ou cinco meteoritos, a cada ano. Por isso dizemos que é um fenômeno raro. Quando são encontrados, eles são levados à um laboratório para estudo em detalhe, e só então é possível determinar a composição química dos meteoritos.

Quanto à sua composição, os meteoritos podem ser do tipo: rochosos (chamados aerólitos), metálicos (chamados sideritos) ou mistos (chamados siderólitos). Alguns dos meteoritos rochosos já encontrados são mais antigos que o próprio sistema solar, outros, podem ser originários de materiais ígneos típicos da crosta de Marte, da Lua ou de grandes asteroides presentes no espaço.

Os aerólitos são os meteoritos mais comuns na Terra, correspondendo a cerca de 93% dos meteoritos conhecidos. Apesar dos aerólitos poderem ser formados por cerca de 300 minerais diferentes, apenas 40 desses minerais não são encontrados na Terra. No geral, eles são formados principalmente pela combinação de oito elementos químicos: oxigênio (O), silício (Si), sódio (Na), cálcio (Ca), potássio (K), alumínio (Al), magnésio (Mg) e ferro (Fe). Os principais minerais presentes neste tipo de meteoritos, chamados minerais essenciais, são as Olivinas (Mg2SiO4 e Fe2SiO4O) e os Piroxênios, principalmente Mg2(SiO3)2 e Fe2(SiO3)2. Também são comuns Ca(Mg,Fe)Si2O6 e (Mg,Fe)2Si2O6. Os minerais acessórios mais comuns nos aerólitos, que ocorrem em menores quantidades, são os Feldspatos. Este mineral é constituído por silicatos de alumínio cálcico ou sódico, sendo os mais comuns a Anortita (Ca(AlSi2O8)) e a Albita (Na(AlSi3O8)). Também são comuns a existência de inclusões de Ferro-Níquel (Fe-Ni), nesses meteoritos.

Os sideritos, meteoritos metálicos, são formados basicamente por Fe-Ni, em uma mistura com a concentração de Ni entre 5% e 50%. Trata-se de uma liga metálica magnética que, portanto, pode ser atraída por ímãs. Os principais minerais acessórios são a Schreibersita ((Fe,Ni)3P) e a Cohenita ((Fe,Ni,Co)3C). Eles correspondem a aproximadamente 6% dos meteoritos. Como os meteoritos são formados em ambientes livres de oxigênio, seus componentes estão na forma metálica, algo raramente encontrado na Terra. No entanto, ao entrar na atmosfera terrestre, dá-se início ao seu processo de oxidação.

Os siderólitos, ou meteoritos mistos, são compostos por aproximadamente 50% de Fe-Ni e 50% de silicatos dos mesmos tipos dos aerólitos. Eles correspondem a aproximadamente 1% dos meteoritos conhecidos.

Alguns meteoritos são relativamente ricos em irídio (Ir), um metal raro na crosta terrestre. Assim, se uma cratera na Terra for rica em irídio, isto pode indicar que se trata de uma cratera gerada pelo impacto de um meteoro. Um bom exemplo disso é a cratera na península de Iucatã, no México. Devido à sua grandeza e aos detritos nela encontrados, acredita-se que ela foi gerada pelo impacto de um grande meteoro, que provavelmente provocou a extinção dos dinossauros, há cerca de 65 milhões de anos.

Alguns meteoritos são amostras primordiais dos materiais que deram origem ao sistema solar, enquanto outros são restos de seu processo de formação. Portanto, o estudo dos meteoritos nos dá importantes informações para entendermos o processo de formação e evolução do sistema solar. No entanto, são amostras muito raras. Já os meteoros são muito mais abundantes. Então, porque não estudar também os meteoros? De fato, eles também são estudados, principalmente a partir de filmagens feitas por uma grande quantidade de câmeras espalhadas por todo o mundo, organizadas em redes de monitoramento de meteoros.

O Observatório Astronômico do IFMG Campus Bambuí faz parte da Rede Nacional de Monitoramento de Meteoros (BRAMON). Essa rede é formada por dezenas de estações de monitoramento espalhadas por todo o Brasil. A BRAMON tem o objetivo de estudar os meteoros a partir de imagens capturadas por câmeras modificadas. Através do estudo das imagens, é possível calcular seu brilho e trajetória, podendo até mesmo estimar a região onde os detritos podem ter caído (meteoritos). Ao processar imagens de um mesmo meteoro capturado em imagens por duas ou mais estações de monitoramento, é possível triangular o possível local de queda, se for o caso, facilitando a recuperação do meteorito. Também é possível calcular a composição química dos meteoros por meio das imagens, mas com menos detalhes que os estudos feitos a partir de meteoritos.

Última modificação em Quarta, 31 Julho 2024 14:04

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