Você sabia que o sangue do animal pode ser usado em formulações de rações?
Por Ana Luiza Epifânio Carola; Amanda Camilo Graciano (amanda.graciano@ifmg.edu.br); Clara Suprani Marques
O sangue do animal pode ser usado na forma de farinha de sangue, produto oriundo do cozimento e secagem do sangue animal e utilizado em forma de pó. Usado também o termo de reciclagem animal, esse subproduto é constituído por sangue, com cor escura e aroma picante metálico. É importante lembrar, para que esse processo ocorra, é passar por fiscalizações em abatedouros e frigoríficos para que não haja contaminações e que o produto se mantenha seguro e em boas condições para o consumo.
O processo consiste inicialmente na coleta deste subproduto no setor de abate e sangria do frigorífico. Em seguida, esse subproduto é encaminhado para uma graxaria, responsável por todo o processamento do sangue e demais resíduos do abate.
Na graxaria o processo se inicia com o armazenamento do sangue em um tanque. A partir daí, o sangue é coagulado. Depois se utiliza uma centrífuga decanter, para fazer a separação das fases. O sólido que sai dessa separação, passará pelo processo de secagem, podendo ser com secadores a vapor ou, chamados de secadores de anéis, que secam através de uma corrente de gás quente. Finalmente o resíduo é moído na forma de farinha com especificações de granulometria variáveis.
A farinha de sangue é um alimento com alto teor de proteína bruta, quando bem processada possui teores elevados de aminoácidos que o torna um ingrediente de grande utilidade para a nutrição animal. Por outro lado, é pobre em outros aminoácidos essenciais, devendo o equilíbrio nutricional ser considerado quando utilizado em níveis elevados nas rações.
É sempre conveniente ressaltar que o uso de ingredientes de origem animal é proibido para a alimentação de ruminantes, de acordo com a determinação do MAPA (Ministério da Agricultura Pecuária e Abastecimento).
A ação natural entre o ambiente e os produtos de origem animal potencializam a interação com os organismos biológicos. Apesar dos esforços por parte dos frigoríficos, produtores e agências reguladoras, todos os riscos potenciais não podem ser controlados em 100% do tempo. Então, se faz necessário administrar estes riscos reduzindo possíveis fatores que possam gerar o desenvolvimento de microrganismos patogênicos. Entre os principais riscos envolvendo o uso desse resíduo se destaca a contaminação bacteriana (ex Samonella sp.). Porém sabe-se que a Salmonella sp é destruída pelo calor quando exposta a temperaturas de 55°C por uma hora ou 60°C de 15 a 20 minutos. Frequentemente são utilizados no processamento de produtos de origem animal temperaturas entre 115°C e 145°C. Estas temperaturas normalmente são suficientes para eliminar a Salmonella entre outras bactérias patogênicas.
A Salmonella sp. é um microrganismo oportunista e pode contaminar produtos depois do processamento, durante armazenamento, transporte e principalmente pela manipulação. Dessa forma, com relação ao seu uso, é necessário então manter condições de higiene satisfatórias durante o seu processamento para oferecer um produto de qualidade e de significativo valor agregado.
Outra curiosidade é que, além de ser usada em rações a farinha de sangue pode ser utilizada também em fertilizantes, por diminuir o pH do solo e aumentar o seu conteúdo nitroso, e pode ser incorporada em lavouras ou em jardins sendo um mecanismo rápido em ações nas plantações.
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