A ocorrência de Brucelose Canina no município de Bambuí - MG e sua importância para a saúde pública
Por Fernanda Morcatti Coura (fernanda.coura@ifmg.edu.br); Vitória Hellen Sousa Pinheiro; Maria Luíza Lima Ribeiro; Michelle de Paula Gabardo; Carine Rodrigues Pereira.
A brucelose é uma doença de distribuição mundial causada por bactérias do gênero Brucella que afetam diversas espécies de animais, dentre elas, os cães. Com um contato cada vez mais próximo e com uma importância cada vez maior nas famílias, a prevenção de infecções nestes animais deve ser sempre uma prioridade, principalmente considerando-se as zoonoses (enfermidades transmitidas dos animais para os seres humanos), como é o caso da brucelose.
O principal causador dessa doença nos cães é a bactéria Brucella canis, transmitida pelo contato com restos de placentas contaminados, fetos abortados e secreções vaginais, causando graves sintomas reprodutivos, como aborto no final da gestação, retenção de placenta, nascimento de filhotes fracos ou morte após o nascimento.
O risco de transmissão da doença dos animais para os seres humanos se apresenta principalmente para aqueles que manipulam a bactéria em laboratório, que trabalham em canis de reprodução, e que são expostos a animais infectados e seus materiais contaminados. Geralmente não há manifestações clínicas nos cães, sendo a maioria dos animais assintomáticos (sem sintomas aparentes).
Seu diagnóstico pode ser realizado de diferentes maneiras, o diagnóstico clínico no animal pode levantar a suspeita da doença, porém a enfermidade só pode ser confirmada a partir de exames laboratoriais. O diagnóstico bacteriológico é considerado o teste de referência, no qual é possível isolar a bactéria e, dessa forma, confirmar qual a espécie de Brucella que causou a doença. Já o diagnóstico sorológico, é um método prático e rápido de ser executado e é o mais utilizado atualmente para a identificação da Brucella canis nos cães.
A utilização de animais em campanhas de castração para a identificação de doenças é uma prática de pesquisa frequente e que permite a coleta de diversas informações importantes. Sendo assim, com o objetivo de estudar a ocorrência de brucelose em cães no Município de Bambuí-MG, as professoras do IFMG - Campus Bambuí, Fernanda Morcatti Coura, Michelle de Paula Gabardo e Carine Rodrigues Pereira, juntamente com as bolsistas de iniciação científica Vitória Hellen Sousa Pinheiro e Maria Luíza Lima Ribeiro, ambas do curso de Medicina Veterinária do Campus, em parceria com o Departamento de Biologia Molecular e Laboratório Epidemiologia Molecular e Biologia Celular da Universidade Federal de Lavras (UFLA), desenvolveram o projeto de pesquisa no qual serão coletadas amostras de sangue de cães que participarem da campanha de castração no município, durante 12 meses. A técnica utilizada será por meio da detecção de anticorpos com um teste denominado Imunodifusão em Ágar-Gel (IDGA), que permite identificar se os animais entraram em contato com a bactéria que causa a brucelose.
Visto a ampla distribuição geográfica da brucelose canina no Brasil, somado a sua importância na saúde pública, esse trabalho ampliará o conhecimento sobre essa zoonose, abordando os aspectos epidemiológicos, bem como as estratégias de controle e prevenção, focando em identificar a frequência de brucelose canina e os fatores de risco para a doença no município. Para que seja possível a realização do projeto, os tutores que participam das campanhas de castração deverão responder um questionário com 35 questões objetivas contendo perguntas sobre as condições do habitat dos animais e alguns dados sociais. Na fotografia abaixo, os alunos de iniciação científica do curso de Medicina Veterinária do Campus Bambuí trabalham na coleta de dados do projeto.
Alunos de iniciação científica do projeto na coleta de dados dos questionários, em setembro de 2022.
Fonte: professora Michelle de Paula Gabardo
A partir dos resultados, espera-se estimar a ocorrência de brucelose na população canina de Bambuí e o mapeamento das possíveis áreas de risco, visto que a doença já foi identificada em estudos no Brasil e em Minas Gerais. Além disso, será a porta de entrada para o desenvolvimento de outras pesquisas e de projetos que visem à conscientização da população em testar seus animais para as diferentes doenças, auxiliando na prevenção e no controle da disseminação de doenças nos cães.
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